O que os turístas não sabem

Os turístas adoram fotografar os indígenas do altiplano vestidos com suas roupas típicas. Mas ignoram que a atual vestimenta indígena foi imposta por Carlos III em fins do século XVIII. Os trajes femininos que os espanhóis obrigaram às índias a usarem eram calcados nos vestidos regionais das camponesas da Extremadura, Andaluzia e país basco, e o mesmo ocorre com o penteado das indígenas, repartidos no meios, impostos pelo vice-rei Toledo. (GALEANO, Eduardo. As veias Aberta da América Latina, Rio, 2009. p. 68)

Um salto em Salta

Foi com muita saudade e com amigos maravilhosos, que deixei Mendoza. A cidade do sol e do vinho me conquistou, não só pelas belas paisagens e organização, como também pela prestatividade das pessoas (com algumas exceções, é claro).
A viagem até Satla foi bem cansativa, 20 horas de ônibus com vááárias paradas. Quando finalmente chegamos à Salta, tivemos uma vista linda da cidade, não pude tirar fotos porque passou muito rápido, mas de imadiato já entendi o motivo do nome: Salta, la Linda. A cidade é pequena e faz muito frio pela manhã e a noite, a tarde faz um calorzinho bem gostoso, coisa que fazia tempo que eu não sentia.

Ficarei apenas alguns dias aqui pra plenejar a viagem pra Bolívia, mas andando pelas ruas e praças já percebi a receptividade das pessoas. Todos muito amáveis, bem parecido com Córdoba. Aqui em Salta ja se nota os traços bolivianos nos rostos, devido à proximidade com a Bolívia. E tem duas coisas que Salta está cheia: museus e fios (fios nos postes, tipo "gato" mesmo), por todas as ruas. Dentre os museus, visitei o MAAM ( Museo Arqueológico de Alta Montaña) onde estão as múmias de três criaças Incas encontradas em uma montanha de Salta, o estado de conservação é impressionante. Não podia tirar fotos no interior do museu, mas tem um site com algumas fotos, pra quem se interessar: http://www.maam.todowebsalta.com.ar/.

Outra coisa interessante em Salta são os esportes radicais, tem vários. Eu já tratei de fazer um: Bungee Jumping no Dique Cabra Corral! Gostaria de poder descrever o que senti, mas é simplesmente indescritível.

Bueno, meu próximo destino é a Bolívia! Com todos seus contrastes, cores e política. 

Un besito y hasta! 

Salta, la linda..

Os fios, por toda parte.

Bonitinha

AHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!

Neve e saudade

Uma das grandes emoções que tive nesses últimos dias, foi conhecer a neve! Sim, eu nunca tinha tocado e nem sequer visto de longe, só através de fotos mesmo.

Fiz o passeio à Alta Montanha, que passa por nove pontos "turísticos", dentre eles a Puete del Inca e o Mirador Aconcagua, até chegar à fronteira com o Chile. As paisagens são maravilhosas!

De todas as pessoas que estavam na van, eu era a única que não conhecia neve. Quando chegamos ao ponto com uma quantidade mais concentrada, fiquei mega emocionada. Tirei fotos de todas as formas, pulei, chutei, deitei na neve, até o guia me chamar pra irmos embora. 

Pelo que fiquei sabendo, começa a caír neve de verdade em julho, e realmente a diferença de paisagem é surpreendente. A Puente del Inca fica toda branquinha, bem diferente do que encontramos. Bom, eu fiquei super satisfeita com o que vi, gostaria de ter ficado mais tempo no meio da neve, mas quando se compra essas excursões o horário é sempre limitado pra fazer o que se quer fazer.

Hoje, completam exatos 15 dias que estou em Mendoza. Os planos eram ficar apenas 10 dias, mas alguns acontecimentos me fizeram ficar mais tempo. Há uma semana roubaram minha carteira no ônibus e tive que fazer milhões de burocracias aqui. Fui super mal tratada na delegacia e fiquei morrendo de vontade de voltar pra casa. Tinha esquecido de como existem pessoas que não fazem o mínimo esforço pra serem gentis, mas apesar de tudo, conheci pessoas simplesmente maravilhosas no hostel, e voltei a acreditar no bem. Hehehe!

A saudade anda batendo forte nesses dias de frio aqui em Medoza, e é inevitável não sentir um aperto no peito quando lembro de todos os meus queridos. 

Ela me desafia o tempo todo. Me faz pensar em desistir e voltar pra casa, mas ao mesmo tempo me dá forças pra continuar e alcançar meus objetivos. Acho que é isso que ela quer me mostrar, por mais que me sufoque, tenho que chegar até o final pra poder respirar aliviada, com dever cumprido, e acabar com qualquer resquício dela no colo dos meus queridos. 

Na verdade, começo a entender a saudade.

Caminho chamado Alta Montanha

Puente del Inca com neve, em julho passado.

Puente del Inca este mês.

O tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo...(Mário Quintana)

Nova Estação

Este post é dedicado à todos os vencedores que construíram a Chapa Nova Estação.

Viajei com o coração apertado por não poder participar de mais uma eleição para o Centro Acadêmico Livre de Serviço Social, mas ao mesmo tempo, segura de que os fortes amigos/militantes fariam um ótimo trabalho. E o fizeram.

De longe, acompanhando por e-mail e redes sociais, pude sentir que a nova estação que surgia vinha cheia de vida, cores, comprometimento e aquela incomparável vontade de mudar. De construír um curso de qualidade para além do discurso, diferente do ano anterior.

Pude ver novos rostos cheios de dúvidas e certezas, rostos conhecido, cansados e convíctos. Rostos, que me emocionavam com a verdade que transmitiam através das fotos.

É, a Nova Estaçãao chegou aqui na Argentina e me conquistou de imediato! Dessa vez, não chegou ao Centro Acadêmico, mas tenho certeza que semeou novos ideais e fortaleceu os já existentes.

Espero que essa estação não passe. Que continue inspirando, questionando, criticando e transformando, com seus princípios e propostas, os lugares onde tudo isso está tão ausente: o curso de serviço social, a universidade, a sociedade.

Eis que surge uma Nova Estação, que já transforma sem precisar vencer, com flores crescendo através do cimento.

De Buenos Aires a Mendoza

Buenos Aires ficou pra trás com todo seu o barulho, cultura, e pessoas nao tao amáveis quanto em Córdoba. Minhas impressoes de Buenos Aires nao foram muito boas, talvez pelo pouco tempo que fiquei e pela forte insegurança que senti. Quem sabe eu volte pra lá um dia com mais disposiçao, tempo, e vontade de fazer amigos. 

Seguindo a minha rota em zig-zag, viajei rumo à Mendoza, a cidade do sol e do vinho, do ladinho dos Andes. E é aqui que me encontro desde o dia 3/06. Estava hospedada na casa da Cíntia e do Rafa, casal incrível que tive o privilégio de conhecer em Córdoba, mas agora estou em um hostel devido à rabugentisse da velha que alugou a casa pra eles. Enfim.

Mnedoza é linda. Depois de saír de Buenos Aires, a cidade que nunca dorme, cheguei à uma cidade que dorme bastante! Mendoza é considerada a cidade mais limpa da Argentina e tem rítmo de cidade do interior. O comércio em geral, inicia seus serviços às 8h30 e fecha às 13h30. Abre novamente só às 16h30 e a partir das 20h30 a maioria das lojas já estao fechadas.

Na principal praça de Mendoza, a Plaza Independencia,  acontece uma feirinha de artesanato, e foi pra lá que eu, Cíntia e Rafa fomos tentar "ganhar" a vida no sábado passado. A Cíntia pintou umas mandalas adesivas lindas e o Rafa fez umas poçoes mágicas (do amor, inteligência, coragem, etc) de gelatina, diga-se de passagem. Também tinha o Dragon`s Breath, uma bebida que pega fogo muito interessante.

Bom, mesmo caracterizados de bruxo e bruxinhas, os produtos nao fizeram muito sucesso. A galera parava mais por curiosidade do que pra realmente comprar algo. Mas no final nos divertimos bastante, fomos pra casa nos aquecer com o Dragon`s Breath! Hahaha!

Nos próximos dias faremos o passeio pelas bodegas e depois iremos aos Andes, pra quem nunca viu neve como eu, esse último é o mais esperado.

(ausência de alguns acentos devido à configuraçao do teclado).

¡Besote y hasta!

Bueno, Buenos Aires

Depois de 20h de viagem de trem, cheguei a Buenos Aires. Pra trás, deixei grandes amigos e a certeza de que essa foi apenas a primeira visita à Córdoba.

Buenos Aires é a típica cidade grande, cheia de luzes, movimento, pessoas... Já tratei de andar pelo centro e pales praças, e fui encontrando quase sem querer, os pontos turísticos. O obelisco fica super perto do hostel, a Casa Rosada também, mas pra ser bem sincera, esses pontos turístico não me atraem muito. Prefiro andar por conta, descobrindo coisas.

A cidade é bem cultural, cheia de teatros, cinemas, feiras com livros ótimos e tudo muito barato. Ontem assisti um documentário argentino chamdo " La Palabra Empeñada". Conta um pouco da hisótia de Jorge Ricardo Masseti, um jornalista que fundou uma importante agência de noticia chamada Prensa Latina. Depois de fazer uma entrevista com Fidel Castro e Che, ficou super envolvido com a causa e escreveu um livro chamado "Los que luchan y los que lloran". Foi convidado a morar em Cuba por Che, onde fundou a agência, e mais tarde se tornou um guerrilheiro disposto a levar a revoluçao para outras regiões.

Gostei bastante do documentário e saí refletindo muito sobre todos os depoimentos.

Bom, tenho mais alguns dias aqui em Buenos e muita coisa pra fazer.

Un beso!

Me despedindo

Essa é minha última semana em Córdoba. Com certeza vou guardar esse lugar no coração, assim como todas as pessoas maravilhosas que conheci.
Sentirei falta dessa rotina, criada por mim, de andar e andar pelas ruelas, descobrindo lugares, conhecendo pessoas, fazendo amigos. Mas acredito que consegui sentir o que Córdoba quis me passar.
Ontem fui a Alta Gracia, cidadezinha que fica há uma hora de Córdoba e onde viveu Ernesto CHE Guevara dos 4 aos 16 anos. Fomos eu e Francisico, um amigo colombinao que conheci no hostel. Não sei exatamente  com que espectativa eu estava, mas fiquei um tanto quanto decepcionada. A casa/museu como é chamada, é um museu. Com recepconistas sérias, muitas fotos, histórias, objetos pessoais... mas falta algo. Pra mim, não deveria ser um museu qualquer. Eu entrei em todos os cômodos e li tudo, bati fotos como uma turista e não senti nada diferente além da simples e normal curiosidade que se sente em qualquer museu comum. Saí com a sensação de que não deveria ser assim, afinal, é a casa em que viveu Che, oras bolas! No quintal da casa, nos fundos, ainda tem uma lojinha com mil objetos com a cara do Che e a frase "museu del CHE Alta Gracia".
Esse lugar deveria passar mais sentimentalismo pra quem o visita, deveria ter uma dinâmica diferente para que o visitante perceba, de alguma forma, a importância de tudo o que Che construiu e que não saia da mesma forma  que entrou. 
De qualquer forma, em mim, Che continua intacto. Me inspirando com toda sua ideologia e amor.

Marcas para recordar

De todos os lugares de Córdoba que visitei até agora, nenhum me impressionou tanto quanto o de hoje. Estava andando pelas ruas, como sempre, e notei um lugar diferente. Achei que seria mais uma biblioteca, aqui em Córdoba tem muitas praças e bibliotecas. Mas nao era uma biblioteca qualquer.
Se tratava de Biblioteca Santiago "CHARO" D'AMBRA, lugar onde funcionava as dependências da Policía de la Provincia de Córdoba, conhecido como D2. Esse lugar foi convertido como centro de detençao de prisioneiros políticos entre 1969 e 1983, onde pessoas foram sequstradas, torturadas e executadas pelas forças repressivas do Estado. Hoje, funciona como um lugar de Memoria y el Arquivo Provincial de la Memoria.
Fui entrando bem devagar, e logo um senhor muito simpático me levou até os "porões da ditadura", as celas minúsculas onde ficavam os militantes, um porão onde eram amontoados, a sala de interrogatório... As paredes são cheias de depoimentos, poesias, pedidos de socorro, é impressionante. Muito pesado. Tive a sensação de estar absorvendo cada história, de cada um que passou por lá. As outras salas também eram muito fortes. Uma cheias de fotos dos diversos presos políticos e a outra com objetos pessoais.
Sentei num banco e fiquei sentindo tudo aquilo, foi inevitável nao me emocionar. O lugar é como uma prova das torturas e assassinatos cometidos na época, como me disse o simpático senhor que me acompanhou no começo "temos que recordar para que nao volte a acontecer". O detalhe é que essa antiga detençao fica ao lado de uma igreja,e ex-detidos contam que muitos abusos eram cometidos em plena luz do dia, o que mostra a conivência da Igreja Católica  com as ações repressivas.
Essa é uma das prisões clandestinas de Córdoba, em Carlos Paz, cidadezinha nas proximidades, tem uma maior, mas ainda nao visitei.
Na frente do memorial de Córdoba está escrito: Inscribir en el espacio público sus nombres implica transformar el lugar, volver a señalar que la memoria de sus vidas debe quedar grabada como una de las formas de decir Nunca Más.

E foi exatamente com essa vontade de dizer Nunca Mais que saí. 


Mais fotos no meu orkut e facebook.


   

Em Córdoba

¡Hola chicos!
Bom, demorei pra postar aqui porque o Blog estava com problemas e nao abria. Aqui no hostel só tem um computador e é bem distputado, entao quando entro, tenho que ser rápida. Como a configuaçao é em espanhol nao têm alguns acentos, mas acredito que todos vao entender meus devaneios.
Córdoba é linda! To apaixonada! Nos primeiros dias sai e fui andar pela cidade, tem muitas praças, museus e fui tropeçando em história. Já consigo andar sozinha por muitos lugares sem me perder, aliás, andar é algo que to fazendo muuuito.
No centro de Córdoba tem um Shopping chamado Patio Olmos que é a referência da regiao, entrei uma vez mas saí correndo, é insuportável, como todos os shoppings.
Visitei a Escuela de Trabajo Social, a Facultad de Derecho y Ciencias Sociales e a de Ciencias Económicas. As faculadades que fazem parte da Universidad Nacional de Córoba sao espalhadas, algumas sao no centro, em prédios lindos antigos, e a maioria é na ciudad universitaria, que fica no bairro Nueva Córdoba. A cidade universitária é muito bonita, me lembrou um pouca a UFSC, cheia de árvores, hippies vendendo artesanato...
Fui conhecer o centro acadêmico do pessoal do trabajo social, que se chama Centro de los Estudiantes, conversei com as meninas que fazem parte de um grupo, uma espécie de coletivo chamado La Juana (http://lajuanats.com.ar/), e pelo que percebi já estao há tempos no CETJ. Na terça participarei de uma reuniao e mandarei um relato sobre a prática da galera. O pessoal do direito ta puxando um movimento por moradia estudantil, bem forte pelo que percebi, também participarei de uma reuniao na segunda.
Conheci uns brasileiros aqui no hostel muito queridos. Estao viajando pela América do Sul de moto e foram pra Mendoza na sexta. Me deram mil dicas da viagem.
Hoje a cidade ta fervendo. Tem jogo do River e Boca, os bares estao lotados e a galera grita,chinga, pula... Bem parecido com o Brasil. Hahahaha!
Nessa próxima semana minha agenda está cheia! Vou pra Alta Gracia, cidade do nosso querido Che Guevara, e pra Carlos Paz, uma cidadezinha linda perto de Códoba.
Continuarei postando minhas aventuras quando possível.


¡Un beso!

Vai começar..

Bom,o motivo do blog é simplesmente pra registrar alguns momentos da minha viagem. Principalmente para que meus queridos e queridas acompanhem essas grandes aventuras que estão por vir.

Pra quem ainda não sabe, estou indo pra Córdoba, na Argentina, vou ficar um tempinho por la. Depois pretendo ir pra Bolívia e então, para o Peru.

Não sei quanto tempo essa viagem vai durar, não tenho um roteiro definido, e sinceramente, prefiro assim. Preciso me fortalecer... Quero desbravar cada pedacinho desses lugares, andar pelas ruelas, falar com as pessoas, conhecer outra cultura.

Estou deixando muita coisa pra trás, mas acredito que esse é o melhor momento pra realizar esse sonho de viajar pela América do Sul, ou por um pedacinho dela. Acho que é uma experiência que todos deveriam fazer, sem medo, com o coração aberto.

Ontem fechei o dia do embarque, e senti um aperto no peito. Já sinto saudades antecipadas, das minhas amigas, da minha irmã, minha mãe, dos meus avós e familiares. Acho que essa é a parte mais difícil de uma viagem, a saudade que fica.

Continuarei publicando as novidades, sempre que possível.

Beijos cheios de carinho...

Jacque.

http://www.youtube.com/watch?v=HN0_mN7fWa8