quinta-feira, 29 de maio de 2014

Sobre a viagem da minha vida

Dia 10 de maio fez três anos da viagem mais incrível do mundo. A viagem que deu origem a esse blog. É praticamente impossível definir o quão transformadora foi essa experiência, mas sempre que me lembro de algum momento sinto profundamente a intensidade de tudo o que aconteceu.
Há três anos me vi completamente perdida, comigo e com tudo o que acontecia ao meu redor. Apesar de sempre ter os melhores amigos por perto, cheguei a conclusão de que eu precisava fazer algo por mim e sozinha. Foi quando decidi colocar a mochila nas costas e desbravar essa América Latina maravilhosa, cheia de cores, força e luta.
Começar por Córdoba na Argentina não foi sem querer, sempre quis conhecer a cidade onde aconteceu a reforma universitária mais importante da América, protagonizada por estudantes que assim como eu, buscavam uma transformação social através de mudanças na estrutura de uma universidade conservadora. O meu interesse por Córdoba também veio com o Projeto Córdoba desenvolvido no Colégio de Aplicação onde estudei por três anos, porém, não pude fazer o intercâmbio promovido pelo projeto na época.
Na Argentina, também passei por Buenos Aires, Salta e Mendonza, esta última cidadezinha ficou marcada em mim tanto pelas pessoas que conheci quanto pelas aventuras que passei, a ponto de ser roubada e precisar vender algumas roupas para passar a semana. Hahahah! Os amigos que fiz lá estão comigo, na minha memória e no meu coração.
A Argentina foi um tipo de preparo para tudo o que viria pela frente, foi o  começo da viagem que me trouxe um milhão sensações.
O próximo objetivo depois da Argentina era chegar à Bolívia, desse modo, fui até a fronteira de ônibus para atravessar a alfândega. A troca de culturas foi impressionante e no caminho da alfândega até a cidadezinha mais próxima à rodoviária vi outro mundo pela janela. Quanta pobreza, quanta cor e quanta vida a Bolívia carregava. Visitei Sucre, Potosí e La Paz, procurando sempre sentir as pessoas, conversar, caminhar horas sem rumo. Conhecer tudo de perto foi incrível, mas também me entristeceu ver tanta desigualdade escancarada. Tinha vezes que eu sentia tanta raiva de tudo o que via que dava uma vontade imensa de gritar, de mudar tudo assim, com um grito.
Depois da Bolívia parti para o Peru, para Cuzco, mais precisamente. Uma viagem longa, 30 horas de ônibus de La Paz. No caminho, mais amigos. Cuzco foi uma loucura! Cheia de turistas e cheia de história. Fui à Machu Picchu da forma mais roots possível e quase chorei quando parei em um canto daquelas construções (sem a voz do guia) e percebi a grandeza dos Incas. Tocar naquelas pedras chegava a arrepiar, quanta energia! A volta de Águas Calientes foi bem intensa, peguei um ônibus junto com trabalhadores que iam pra Cuzco, o ônibus precário, descia aqueles morros passando pelas beiradas. Mas era engraçado, eu não sentia medo. Ficava hipnotizada com as montanhas cobertas de neve e com a profundeza daqueles precipícios. Eu pensava que se morresse ali, morreria absolutamente feliz.



É claro que nunca conseguirei colocar em palavras tudo o que aconteceu comigo nessa viagem. Ao longo dela eu escrevi um diário, mas são pensamentos tão meus que me sinto incapaz de transcrevê-los publicamente. O que posso dizer, além dessas pequenas histórias contadas acima, é que tudo o que vivi nessa viagem me tornou uma pessoa mais livre e também mais forte, para enfrentar e mudar esse mundo tão injusto e que vai muito, mas muito além da nossa janela.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

sobre a história que a escola não ensina

Hoje voltamos todos a Brasília
Com os despojos do nosso eterno presidente
Seremos recebidos todos com as honras e as cicatrizes de um futuro que não houve
E de um passado que não passa

Hoje voltamos todos a Brasília
Para cantarmos tudo o que não cantamos
Arrebanhar as almas penadas que ficaram dentro de nós
A dos que se foram antes do tempo
E a nossa que aos pedaços com eles também se foi
Hoje voltamos todos a Brasília
Levamos em nossos olhos
Os olhares dos que ficaram para trás
Mas deixaram suas marcas em nossas retinas
E levamos junto os olhos de nossos filhos, de nossos netos
Com a esperança de que eles não vejam o que vimos
O futuro ser roubado de gerações inteiras
Hoje voltamos todos a Brasília
Com o peso do que perdemos no coração
E as asas
E as asas
E as asas
Batendo nas vidraças
Passando pelas grades
Ruflando na escuridão
Entre as estrelas


Por: Flávio Aguiar

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

O amor nos tempos de TCC

Em meio ao desespero que me aflige por conta do TCC e ao meu humor inconstante, li a notícia mais triste da semana. A carta de despedida de Gabriel García Márquez.

Passei a amar esse velhinho colombiano (eu e meus velhinhos...)desde que li pela primeira vez O Amor nos Tempo do Cólera.Depois não parei mais, Cem Anos de Solidão, Memória de Minhas Putas Tristes...


Gabriel está sofrendo de Mal de Alzheimer, diagnosticado no ano passado.


A carta que ele escreveu me emocionou não só pelas palavras, mas pela angústia de ver uma pessoa tão incrivelmente amorosa se despedir.. 

(...)


“Se, por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marioneta de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo o que penso, mas, certamente pensaria tudo o que digo. Daria valor às coisas, não pelo o que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os demais parassem, acordaria quando os outros dormem. Escutaria quando os outros falassem e disfrutaria de um bom gelado de chocolate.
Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida vestiria simplesmente, jorgar-me-ia de bruços no solo, deixando a descoberto não apenas meu corpo, como também a minha alma.
Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria o meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol saisse. Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre as estrelas um poema de Mário Benedetti e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à Lua. Regaria as rosas com as minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e o encarnado beijo das suas pétalas.
Deus meu, se eu tivesse um pedaço de vida!… Não deixaria passar um só dia sem dizer às pessoas: amo-te, amo-te. Convenceria cada mulher e cada homem de que são os meus favoritos e viveria apaixonado pelo amor.
Aos homens, provar-lhes-ia como estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar.
A uma criança, daria asas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinha.
Aos velhos ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento.
Tantas coisas aprendi com vocês, os homens… Aprendi que todos querem viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a rampa. Aprendi que quando um recém-nascido aperta, com sua pequena mão, pela primeira vez, o dedo do pai, tem-no prisioneiro para sempre. Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se.
São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas, a mim não poderão servir muito, porque quando me olharem dentro dessa maleta, infelizmente estarei a morrer.”

Obrigada, Gabriel.

Jacque.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

para meus velhinhos, com amor



Sempre fui uma apreciadora das coisas simples, talvez pela minha criação, ou simplesmente por encontrar nesses gostos e gestos uma sinceridade raramente notada no "requinte". 
Das pessoas que me inspiram por ter essa virtude tão peculiar, estão meus avós maternos. Dois velhinhos fofinhos que vieram da roça tentar a sorte aqui na "cidade grande", lá nos idos de 1984. Vida difícil,com mais perdas do que ganhos. 
Hoje, apesar das muitas dificuldades que ainda persistem, estão um pouco mais tranquilos e sem esquecer as suas raízes, cultivam costumes que me fazem ser a cada dia mais apaixonada por eles.Dentre os quais, fazer café cedinho no bule velho, comer feijão e arroz todos os dias, se emocionar com uma flor que desabrocha...  

Meu amor imensurável, é deles.

terça-feira, 2 de julho de 2013

a última de hoje


essa sou eu super empolgada com o blog, postando uma coisa atrás da outra sem sequer, reler o projeto de tcc que deve ser entregue amanhã. É impressionante como pra escrever aqui fico muito mais... tranquila. Deve ser a pressão que o projeto exige, mas acho que é irresponsabilidade mesmo. Enfim.

To com vontade de falar de amor. Mas como to com um pouco de preguiça de divagar no momento, deixo vocês com uma poesia de um cara que sabia das coisas. hahaha! E é claro, nada mais fofinho do   que uma ilustração apaixonada.

"... E desde então, sou porque tu és
    E desde então, és, sou e somos
   E por amor serei, serás e seremos."

Parte da poesia "Talvez" de Pablo Neruda.


bicicleta é vida





LUTO: Pela morte de mais uma ciclista, nos arredores da UFSC.
eu LUTO: Por mais respeito aos ciclistas, por ciclovias e mobilidade urbana.

por (questão de) sobrevivência em meio ao caos.

Voltei

e de repente me deu uma vontade louca de voltar a escrever aqui.
Devaneios, histórias, ideais, bizarrices e coisas fofas, seja lá o que for, vou compartilhá-las!

Un beso e até breve.